segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Músicas que Elevam o Espírito - 31Jan11

Pessoal, bom dia.
Após longo e tenebroso inverno, volto às nossas postagens da nossa série Músicas que Elevam o Espírito. Após meditar sobre a nossa música de hoje, resolvi prestar uma homenagem a um poeta boêmio, do bairro de Vila Isabel, nosso querido Noel Rosa.
Noel Rosa
Noel de Medeiros Rosa nasceu no dia 11 de dezembro de 1910, na cidade do Rio de Janeiro e veio a falecer no dia 4 de maio de 1937, aos 26 anos, vitimado pela tuberculose. Reza a lenda que ele tinha o problema no queixo oriundo do seu difícil parto, onde o médico teve de extrair o bebê Noel a fórceps. Contudo, o que mais me impressiona em Noel Rosa é que ele nasceu numa época em que não existia internet, onde os meios de divulgação das suas músicas eram muito precários se comparados aos dias de hoje, mas mesmo assim, e com tão pouco tempo de vida, ele nos deixou verdadeiras maravilhas que até hoje povoam o cancioneiro popular. Dono de sambas muito elegantes, com letras interessantíssimas, Noel foi um dos principais responsáveis que fizeram o meio de campo entra o samba produzido nos morros do Rio de janeiro e o asfalto, ou seja, entre a favela e a classe média. Quem não conhece Com Que Roupa, Conversa de Botequim, Feitiço da Vila, só para citar alguns de seus sucessos?
Aliás, por falar em Feitiço da Vila, não podemos deixar de mencionar a grande guerra que tinha entre Noel Rosa e Wilson Batista. Essa foi uma peleja muito mais interessante do que a atual Claudia Leite vs. Ivete Sangalo, e que produziu músicas maravilhosas. Era quase uma briga do bem contra mal. Noel era branco, nascido em uma família de classe média do bairro com nome de princesa (Vila Isabel... rsss), tendo inclusive estudado no tradicionalíssimo Colégio São Bento e frequentado o Curso de Medicina. Já Wilson Batista era mulato, da cidade de Campos (interior do Rio de Janeiro), e dizem que fora amigo de uns malandrinhos na juventude, o que lhe valeu inclusive de alguns probleminhas com policia.
Charge da Briga: Noel Rosa vs. Wilson Batista

Reza a lenda que a briga entre os dois começou quando Wilson compôs Lenço no Pescoço, uma apologia à malandragem. Noel não gostou e rebateu essa música com Rapaz Folgado. (Deixa de arrastar o seu tamanco / Que tamanco nunca foi sandália / Tira do pescoço o lenço branco / Compra sapato e gravata / Joga fora esta navalha que te atrapalha). Daí foi a vez de Wilson ficar danado e escrever O Mocinho da Vila, onde criticava Noel e seu bairro. Foi quando Noel deu uma voadora em Batista e escreveu o clássico Feitiço da Vila. Wilson rebateu com Conversa Fiada. Mas nessa altura do campeonato Noel Já estava ganhando quando compôs outro clássico: Palpite Infeliz. Foi quando Wilson, não reconhecendo a derrota, apelou e escreveu Frankstein da Vila, comentando do defeito do rosto de Noel, que não respondeu. Wilson continuou a briga com Terra de Cego. Noel, para acabar com a polêmica, usa a mesma melodia de Terra de Cego e escreve Deixa de Ser Convencido.
Senhores, para celebrarmos esse genial compositor da música brasileira que completaria 100 anos no mês passado, e deixando rixas à parte, trazemos essa dupla infernal, Yamandú Costa e Hamilton de Holanda, tocando Conversa de Botequim: http://www.youtube.com/watch?v=OaCtTb_JQyo
Para mais detalhes sobre a briga de Noel com Wilson Batista ver os links: http://www.youtube.com/watch?v=JITbSJWLJJE (com Caetano Veloso) e http://www.youtube.com/watch?v=CNkrrB5x-Vk&feature=related. 
Noel tocando violão
Referências:

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Músicas que Elevam o Espírito - 24Jan11

Pessoal, bom dia.
Continuando nossa série de Músicas que Elevam o Espírito, trazemos hoje um violonista de uma cidadezinha do norte do Estado do Rio chamada “Varre-Sai” (que nome é esse?  Hehehehe).  Baden Powell nasceu no dia 06 de agosto de 1937 e ganhou esse nome em homenagem ao fundador do escotismo, o general britânico Robert Thompsom S.S. Baden Powell.
Baden foi um apaixonado pelo violão desde tenra idade. Quando tinha oito anos, sua tia ganhou um violão em uma rifa, mas o colocou pendurado na sala. O menino Baden não se conformava, até que um dia ele enrolou-o em uma toalha e levou-o pra casa. Mas como ninguém sabia, ele mantinha o violão debaixo da cama, até que sua mãe descobriu um dia e a casa caiu pro menino...rsss. Mas o episódio teve um final feliz, e seu pai vendo o interesse do menino resolveu iniciá-lo nas artes violonísticas.  Mas como o menino em pouco tempo superou o pai no instrumento, ele foi estudar violão com o grande professor Meira que mais tarde seria também professor do Raphael Rabello e do Maurício Carrilho.
Baden Powell
Dono de um estilo único dentro do universo violonístico, Baden Powell é mais que uma escola de violão, ele é uma universidade inteira. Baden foi um dos maiores violonistas do mundo, com uma produção impressionante e de uma musicalidade ímpar, sua obra continua inspirando violonistas do mundo inteiro. Qual violonista, profissional ou amador, nunca quis ter a macumba da mão direita de Baden? Quem nunca se impressionou com os Afro-Sambas,  parcerias de Baden com o poetinha Vinícius?
Gostaria de deixar aqui uma história pra lá de curiosa que eu retirei do site do Baden Powell, http://www.badenpowell.com.br/ , e que foi escrita pelo filho do Baden. Coisas do Baden e do Poetinha...rssss.
Baden e Vinícius
“Certo dia Baden chegou à casa do poetinha trazendo nos dedos uma belíssima melodia que compôs num momento muito inspirado. Era por volta das nove da noite quando Baden apresentou a melodia, e Vinicius ficou logo muito empolgado com a música que inspiraria mais uma bela poesia:
- Puxa Badinho, que música linda! Toca de novo!
Baden também entusiasmado com a empolgação do poeta tornou a tocar a música. E entraram pela noite tocando e ouvindo-a várias vezes, fazendo uma pausa de vez em quando pra conversar sobre os mais variados assuntos, como assombração, Mula sem Cabeça... Isso tudo regado à muito whiskie (papai contava que nessa noite foram umas quatro garrafas!). A madrugada chegou logo, as garrafas foram se acumulando e o Baden foi ficando meio desconfiado de alguma coisa, pois o Vinicius estava pedindo pra ele tocar a música desde cedo e não havia mencionado nada sobre a letra. Vinicius tornou a pedir para ele tocar, e o Baden então perguntou:
- Espera aí Vinicius, tá tudo certo, mas… Cadê a letra?
- A letra? Bom, na verdade aconteceu uma coisa, é… Eu não vou fazer essa letra mais não!
- Como assim? Estamos aqui, só nós dois, juntos desde cedo, tocando e bebendo, agora são altas horas e você me diz que não vai fazer a letra! O que houve?
- Não foi nada demais. Mas, eu prefiro não dizer, vamos deixar isso pra lá.
- Não, Vinicius, agora você vai me dizer o que houve.
- Sabe o que é Badinho, essa música que você fez é um plágio!
- Plágio?! Como assim Vinicius?
- É Badinho, um plágio.
- Não, Vinicius, você tá enganado…
- É, Baden, eu tenho certeza. Por isso não vou fazer essa letra. Depois vai sair nos jornais: “A dupla Baden e Vinicius plageiam…” Fica chato, entende?
- Mas, Vinicius, essa melodia me veio por inteira, eu fiz de uma vez, não pode ser plágio!
- É sim, Baden, tenho certeza.
- Mas plágio de quê, e de quem?
- Ora, Baden, isso ai é um prelúdio de Chopin!
- Não, Vinicius, você está enganado. Você bebeu demais e está confundindo as bolas.
- Não, Baden, você foi quem bebeu demais. Fez uma música de Chopin e tá achando que é sua.
- Mas, Vinicius, eu conheço os prelúdios de Chopin, estudei todos. Te garanto que não tem nada de Chopin nessa música!
- Eu também conheço, Baden, meu ouvido não falha, isso ai é Chopin com certeza! Quer ver só?! Eu vou acordar minha mulher que é formada em piano e conhece tudo, espera aí…
- Não faz isso, Vinicius, tá muito tarde, e a gente tá com um bafo danado…
- Tudo bem, ela já tá acostumada.
E lá foi o Vinicius chamar sua mulher, que na época era a Lucinha Proença. Ela chegou na sala sem saber o que estava acontecendo, mas vendo a cena perguntou:
- Oi Baden tudo bem? Vocês querem um café?
- Não Lucinha, sobretudo não vamos misturar… Obrigado.
Vinicius retomou seu lugar e dirigindo-se ao Baden, disse meio ríspido:
-Toca!
Baden executou e Vinicius ficou esperando algum comentário da Lucinha, que em silêncio não sabia o que dizer diante da visível espectativa do poeta:
- Como é, você não vai dizer nada?
- Como assim, o que você quer que eu diga?
- Toca de novo Baden!
Ao final desse bis, Vinicius novamente perguntou para mulher:
- Isso não é Chopin?!
- Não.
- Como não é Chopin?!
- É uma canção romântica, é muito bonita, mas não é Chopin.
- Ah, então você também tá contra mim?!
Fez-se então um silêncio que confirmou um grande mau entendido da parte do poeta, que com muita astúcia concluiu:
- Então Chopin esqueceu de fazer essa!
Vinicius pegou papel e caneta e escreveu quase que instantâneamente uma belíssima peosia, e a música foi batizada de "Samba em Prelúdio".”
E para completar, trazemos o inesquecível Paulinho Nogueira numa execução maravilhosa. O Paulinho ainda será tratado com muito carinho aqui no nosso blog. Senhores, com vocês, Baden Powel, Vinícius e Paulinho: http://www.youtube.com/watch?v=whISNqcmKnI
Já que eu falei na macumba da mão direita do Baden, resolvi adicionar outro vídeo, mas este com o próprio Baden: http://www.youtube.com/watch?v=TSUNbvb-DWg&feature=list_related&playnext=1&list=MLGxdCwVVULXeII-m1BRlSlO-g-xuOk709
Baden Powell

domingo, 23 de janeiro de 2011

Filosofia Monty Python

Pessoal, bom dia.

Eu acordei hoje e fui checar email, twitter, essas coisas, e me deparei com um twitter do Ronaldo Fenômeno. Ele postou um video,. que segundo ele, foi um achado do Roberto Carlos. O fato é que o video segue a filosofia que o Monty Python imortalizou no clássico A Vida de Bryan: Olhe sempre pro lado bom da vida! Daí eu resolvi colocar aqui também: http://www.youtube.com/watch?v=fTb-nCzv3dY&feature=related

Bom domingo para todos.

Have fun and be in peace!!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Músicas que Elevam o Espírito - 21Jan2011

Pessoal, bom dia.
Como a maioria de vocês já sabem, hoje é o meu último dia de trabalho na  Ford, como funcionário da MSX. Gostaria de agradecer aos muitos amigos que fiz durante estes três anos de batalha. Aliás, eu fiz muitos mais amigos do que poderia imaginar quando vim para a Bahia. Por isso, gostaria de trazer hoje, como uma homenagem aos amigos que fiz durante essa minha ainda curta caminhada pelo nosso planetinha azul, o nosso Maior Maestro Heitor Villa-lobos.
Heitor Villa-Lobos
Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro, no dia 05 de março de 1887, dois anos antes da proclamação da República. O pai, Raul Villa-Lobos, amante da música clássica e violoncelista de mediana habilidade, percebeu desde cedo o dom espantoso daquela criança superdotada. Por isso, ensinou o pequeno Heitor os caminhos da percepção musical com uma severidade incomum, além de impor uma rígida disciplina para o estudo do violoncelo principalmente, e da Clarineta. O próprio Villa-Lobos escreveu sobre o pai: “Meu pai obrigava-me a declarar com presteza o nome da nota dos sons, dos ruídos que surgiam incidentalmente no momento. Como por exemplo, o guincho da roda do bonde ou o pio de um pássaro, ou a queda ocasional de um objeto de metal, etc. Isso tudo com uma rígida e enérgica seriedade absoluta. E ai de mim se não acertasse...”

Raul Villa-Lobos, pai do Maestro
  Não se pode precisar, quando foi que o pequeno Tuhú – apelido de infância dado por causa do som do apito do trem que ele gostava de imitar, se apaixonou pelo violão. Se este fato aconteceu nas viagens da família pelo interior de Minas e do Rio de Janeiro, ou se foi no contato com os chorões do Rio de Janeiro. Em seu livro, Carvalho escreveu sobre o menino Heitor: ”Seus tempos de criança? Sim, fora difícil estudar violão: enchia a boca do instrumento com pano, para poder fazer técnica; amarrava o instrumento no estrado da cama, para que D. Noêmia não o quebrasse; e, de noite, saía sorrateiramente pela janela, carregando o instrumento, para juntar-se aos chorões boêmios.” Mas sem dúvida nenhuma, podemos afirmar que a obra de Villa-Lobos para violão, apesar de pequena, é de extrema importância. Ela é até hoje objeto de estudo nos conservatórios de música ao redor do mundo e parte do repertório de grandes violonistas internacionais.
É praticamente impossível separar o homem Heitor Villa-Lobos do mito e lendas em torno do Maestro. E, diga-se de passagem, mitos e lendas que o próprio Villa-Lobos criou. Histórias fantasiosas, quase mágicas, circundam o maestro. Como por exemplo, quando de sua viagem na Amazônia, navegando pelo rio Amazonas, após um naufrágio ele foi feito prisioneiro por uma tribo de índios canibais, que só o soltaram depois que ele lhes mostrou alguma de suas composições. Ou ainda, quando o jovem músico Antônio Carlos Jobim visitou o Villa-Lobos (este fato é verdade!), em 1956, na casa do maestro. Tom se deparou com um cenário assustador. Viu uma soprano no canto da sala colocando os pulmões para fora, o rádio ligado no outro lado, pessoas conversando do outro, e Villa-Lobos no meio disso tudo, compondo.  Assustando com aquele cenário caótico, o jovem Tom perguntou: ”Maestro, como o senhor consegue compor no meio desse barulho?” Villa-Lobos respondeu: ”Meu filho, o ouvido de fora nada tem a ver com o de dentro.”
Villa-Lobos regendo.

Assim como Santos Dumont, Villa-Lobos adotou Paris como sua segunda cidade. Ele esteve nela em duas oportunidades, entre 1923-24 e entre 1927-29, sob o patrocínio da família Guinle. O fato de Villa-Lobos ter fomentado essas histórias fantasiosas sobre ele, de certa forma o ajudou a se promover em Paris, quando os parisienses lotaram o teatro no seu primeiro concerto para “ver o índio de casaca, saído diretamente das selvas brasileiras.” Como uma espécie de Romário da época, Villa-Lobos declarou, em 1923, quando chegou a Paris: “Eu não vim para aprender, mas para mostrar o que fiz.” Em 1924, Manuel Bandeira celebra a volta do maestro dizendo:” Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos.”
Heitor Villa-Lobos foi um brasileiro de ações grandiosas. Compôs mais de 2000 peças, para vários instrumentos e formações de orquestras e corais diferentes, em diversos gêneros musicais: óperas, sinfonias, concertos, música de câmara, etc. Isso o eleva, sem dúvida nenhuma, ao posto de compositor mais importante do mundo no século XX (minha humilde opinião...hehehe). Em 1931, fez em São Paulo a Exortação Cívica, com um coral de 12 mil vozes. Em 1940, colocou 40 mil crianças cantando a quatro vozes, no estádio de São Januário do clube Vasco da Gama, o Hino Nacional para o então presidente Getúlio Vargas. Ele também foi o fundador da Acadêmia Brasileira de Música.
Para entender a música de Villa-Lobos é preciso mais do que ouvi-la, é preciso degustá-la. Enamorar-se da música de Villa-Lobos é enamorar-se do Brasil. Não só o Brasil do litoral, do Rio de Janeiro, do centro nervoso de São Paulo, mas especificamente o Brasil do interior, das florestas, dos rios, do matuto e do caboclo, das brincadeiras infantis de ciranda-de-roda. ”É de consenso geral que Villa-Lobos é o maior compositor que o Brasil já teve. Pode-se dizer que Villa-Lobos e Brasil são quase sinônimos.” (depoimento de Manuel Bandeira). O próprio Villa-Lobos se definiu da seguinte maneira: “Sim sou brasileiro e bem brasileiro. Na minha música deixo cantar os rios e os marés deste grande Brasil. Eu não ponho mordaça na exuberância tropical de nossas florestas e dos nossos céus, que transporto instintivamente para tudo que escrevo.”  
Heitor Villa-Lobos, um brasileiro
Por tudo isso, senhores, gostaria de dedicar a Toccata da Bachianas Brasileiras nº 2 O Trenzinho do Caipira (para os íntimos...Hehehehe). Preferi postar a versão de Edu Lobo, ao invés da versão para orquestra, com a belíssima letra de Ferreira Gullar: http://www.youtube.com/watch?v=coJjqZCDrw0

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Músicas que Elevam o Espírito - 19Jan2011

Pessoal, bom dia.

Hoje eu gostaria de prestar uma solidariedade às vítimas da tragédia que se abateu na região serrana do Rio de Janeiro. Só em Nova Friburgo, que já foi considerada a Suíça Brasileira, foram 335 mortos até agora. Estima-se que ao todo, o número de mortos possa passar de 1000, sem mencionar o número de desabrigados. É impressionante como todo ano ocorrem tragédias relacionadas com chuvas, enchentes e tempestades, e muito pouco é feito. Não existe uma política séria de remoção das pessoas vivendo em áreas de risco e tampouco sistemas de alarmes de tempestades como nos países sérios. Eu costumo dizer que existem duas formas de aprendizado na vida: ou por amor ou pela dor. Infelizmente, o ser humano tem uma tendência maior de aprender pela dor. Eu sinceramente espero que a morte dessas pessoas não tenha sido em vão e que daqui para frente políticas sérias sejam tomadas para evitar que tragédias como essa ocorram novamente.

Como parte neste cenário de tragédia, o Sítio Poço Fundo, localizado em São José do Vale do Rio Preto na região serrana do Rio de Janeiro, onde o maestro soberano Tom Jobim passava férias de verão e compôs várias músicas, inclusive Águas de Março, Dindi, Matita Perê, entre outras, foi completamente destruído em duas horas.  

Sítio Poço Fundo antes da Tragédia

Sítio Poço Fundo depois da Tragédia

Como uma homenagem às vítimas desta tragédia, gostaria de dedicar a música Águas de Março do Tom Jobim cantada em Hebraico, mostrando que uma obra-prima não depende de língua, nação, e que é atemporal. Que essa música traga esperança para as vítimas da tragédia e a certeza de que o sol sempre brilha depois da tempestade, renovando a fé em dias melhores no futuro.

Segue o link da música: http://www.youtube.com/watch?v=JDFYi_UYsKg

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Músicas que Elevam o Espírito - 18Jan2011

Pessoal, bom dia.

Hoje trazemos uma música de Garoto executada com brilhantismo pelo nosso inesquecível Raphael Rabello. A música de hoje é Lamentos do Morro. Raphael Rabello com seu virtuosismo e conhecimento apurado de música fez uma releitura maravilhosa dessa música de Garoto. A versão de Raphael ficou tão elegante que até hoje serve de referência para violonistas de todas as idades e habilidades, do amador ao profissional. Eu tenho certeza que se o Garoto tivesse escutado a versão de Raphael ele tinha dado a co-autoria da música para ele (hehehe)!!!

Agora, uma palavra sobre Garoto. Anibal Augusto Sardinha, mais conhecido como Garoto, nasceu em São Paulo em 1915, sendo filho de imigrantes portugueses. Em 1939 Garoto embarcou, a convite de Carmen Miranda, para uma turnê com a Pequena Notável nos Estados Unidos. Devido ao seu grande virtousismo com instrumentos de corda, garoto foi apelidado de "The Man of Golden Fingers", ou o homem dos dedos dourados (em tradução livre). Ele fez tanto sucesso que conseguia atrair para os shows de Carmen muitos músicos de jazz, tal como Duke Ellington, e inclusive tendo tocado para o presidente Roosevelt na Casa Branca [1].

Anibal Augusto Sardinha, o Garoto.
A obra de Garoto foi amplamente pesquisada e redescoberta pelo grande violonista brasileiro Paulo Bellinati. O grande trabalho de pesquisa de Bellinati gerou uma gravação de um album entitulado "The Guitar Works of Garoto" (A obra de Garoto para Violão, em tradução livre), recebendo sucesso e reconhecimento pela contribuição histórica [2].  

Agora, falaremos um pouco de Raphael Rabello, recortando fragmentos do artigo, O Legado de Raphael Rabello, que foi trabalho de fim de curso de Marcos Cesar[3], na Universidade Católica de Salvador, onde eu ajudei a orientar.  

" Rafael Baptista Rabello, que posteriormente adotou o nome artístico de “Raphael Rabello”, nasceu em 31 de outubro de 1962 em Petrópolis (Rio de Janeiro).
..

A carreira profissional de Raphael começou bem cedo. Quando tinha aproximadamente 14
anos, em 1975, ele e sua irmã Luciana criam o grupo “Os Carioquinhas”, e já tocando em violão de 7 cordas (totalmente influenciado por Dino, até na maneira de andar, e de se vestir). Além do próprio Raphael (violão de 7 cordas) e de sua irmã Luciana (cavaquinho), o grupo era formado por Paulo Magalhães Alves (bandolim), Mário Florêncio (pandeiro) e Téo Oliveira (violão de 6). Depois Téo é substituído por Mauricio Carrilho, e Celsinho Silva assume o pandeiro passando Mário para a percussão.
...
Rabello é a singularidade no estilo que provém de um hibridismo técnico concebido graças
às influências de Heitor Villa-Lobos, Augustin Barrios, Radamés Gnattali, Garoto, João
Pernambuco, Dilermando Reis, Dino 7 Cordas, Tom Jobim, Paco de Lucia, entre outros. Teve o choro como base musical onde se tornou um especialista ao ponto de ser apelidado como, “Mozart do choro”. Rabello redimensionou o choro com harmonias modernas, inserindo elementos da música flamenca, concebendo uma estética harmoniosa e significativa, no âmbito até então, tradicional. Ele utilizava o dedo polegar da mão direita com apoio, recurso característico do gênero, recriando baixarias e inserindo os arpejos de extensão com ligados e cordas soltas, o que caracteriza “Campanella”, recurso bastante utilizado no violão erudito, principalmente por Villa-Lobos."

Raphael Rabello

Senhores, com vocês Raphael interpretando Garoto:
http://www.youtube.com/watch?v=142RtCD0F7M

Para maiores referências, ver os sites:
[1] - http://brazilianmusic.com/garoto/
[2] - http://www.bellinati.com/bio/bio.html
[3] - O Legado de Raphael Rabello, por Marcos César Santos.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Músicas que Elevam o Espírito - 17Jan2011

Pessoal, bom dia.

Primeiramente gostaria de dizer que agora nós temos um blog para continuarmos a nossa série de Músicas que Elevam para que possamos escrever e comentar de qualquer lugar. O endereço é
http://drlucianomachado.blogspot.com

Hoje, para iniciarmos o nosso blog, trazemos o incomparável João Pernambuco. João Teixeira Guimarães, mais conhecido como João Pernambuco (foto abaixo), nasceu em Pernambuco em 02/11/1883, e migrou para a então capital da república, o Rio de Janeiro, bem no início do Século XX (1902). Filho de um português com uma índia, João começou aprender violão desde menino. Reza lenda que João era analfabeto e por causa disso, tinha medo de que mostrar suas músicas para que as pessoas não as roubassem. Dizem até que Luar do Sertão foi um exemplo disso, visto que o letrista, Catulo da Paixão Cearense, a registrou como somente sua. Existe um relato do Pixinguinha que ele afirma ter visto João Pernambuco tocar a música bem antes de existir letra. Rumores à parte, é só conhecer um pouquinho das músicas de João para ver que Luar do Sertão é a cara dele.

João Pernambuco

João Pernambuco escreveu uma série de músicas que ainda hoje fazem parte do repertório de grandes violonistas, do erudito ao popular. Sons de Carrilhões, que é na minha opinião o Hino do Violão Brasileiro, Graúna, Interrogando, são grandes sucessos de João. Certa feita Villa-Lobos disse:"Ah João Pernambuco… nem mesmo Bach se envergonharia de assinar seus estudos!" Se Bach não se envergonharia, imagina se o Villa-Lobos iria… O primeiro compasso do Prelúdio nº5 de Villa-Lobos é quase que uma cópia fiel do primeiro compasso de Sonho de Magia, do João.

De 1919 e 1922, João participou do conjunto Oito Batutas que mais tarde alcançaria fama ao excursionar pela Europa. Além de João, o conjunto ainda contava com Pixinguinha, o China que era irmão do Pixinguinha, e o Donga (aquele mesmo de Pelo Telefone que foi o considerado o primeiro samba, mas que na minha opinião era um choro-maxixe... hehehe).

Os Oitos Batutas
Nesta foto de Os Oito Batutas, de 1919,. Pixinguinha é o segundo de pé da esquerda para direita, o China é o primeiro sentado na esquerda, o João Pernambuco é o terceiro sentado da esquerda para direita e o Donga é o último sentado da esquerda para a direita.

Senhores, com vocês Sonho de Magia de João Pernambuco: http://www.youtube.com/watch?v=TT32Zs2GpbI&feature=related 

Eu não sei quem é o violonista mas acho que ele mandou bem.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Músicas que Elevam o Espírito - 12Jan2011

Pessoal, bom dia!
Hoje trazemos na nossa série Músicas que Elevam, Dilermando Reis (foto abaixo) , o fabuloso (roubei esse apelido do Luis Fabiano já que ele não fez nada na Copa... Hehehehe). Grande violonista, Dilermando começou a aprender violão aos 10 anos com seu pai. Ele batalhou duro e sofreu com o grande preconceito da época dele em que os violonistas eram tachados de vagabundos. Dono de uma imensa sensibilidade e talento afinado, Dilermando brilhou em sua época com suas composições e intrepretações magníficas de chorinhos e valsinhas.

Dilermando Reis

Certa feita, o então presidente da república Jucelino Kubitschek decidiu aprender violão. Foi então que Dilermando foi convidado para dar aulas para o presidente. Por causa disso, JK recebeu o apelido de Presidente Bossa-Nova. Reza a lenda, que o JK concedeu uma aposentadoria para o Dilermando como fiscal de rendas, mas não sei se é vero...rssss!!!

A música de hoje é uma bela valsinha chamada Noite de Lua. Senhores, com vocês Dilermando Reis: http://www.youtube.com/watch?v=N6FMDM7R5rQ&feature=related

Para saber um pouquinho mais sobre Dilermando Reis vejam o link: http://www.youtube.com/watch?v=QtB84xDeUpY&feature=related

Have fun and be in peace!!

Músicas que Elevam o Espírito - 10Jan2011

Pessoal, bom dia.
Hoje trazemos mais um chorinho na nossa série Músicas que Elevam. Com este chorinho de Jacob do Bandolim (foto abaixo), gostaria de prestar uma homengem à cidade do Rio de Janeiro e sua vida noturna bohêmia.

O video de Noites Cariocas, é de uma apresentação no Berkelee College of Music. Berkelee é uma das escolas mais conceituadas de música do mundo de onde saíram grandes nomes como Quincy Jones, entre outros. Este acontecimento mostra a universalidade e penetração da música brasileira, especialmente do choro.

Jacob do Bandolim

Agora, algumas palavras sobre o compositor. Reza a lenda que quando criança, o menino Jacob ganhou um violino de presente. Mas logo se cansara do arco e passou a pinicar as cordas com um grampo de cabelo da sua mãe. Uma vizinha, e amiga da mãe dele, presenciou o fato e profetizou: "Este menino quer é tocar bandolim!" Pouco tempo depois Jacob trocou o violino pelo bandolim e nunca mais o largou. Sua relação com o instrumento foi tão íntima que ele acabou o adotando como sobrenome. Músico virtuose, Jacob influenciou uma série de músicos tais como, Ronaldo do Bandolim, Déo Rian, Joel Nascimento, Hamilton de Holanda, entre outros.

Senhores, com vocês, Noites Cariocas, de Jacob do Bandolim: http://www.youtube.com/watch?v=qCZtUH6CSf4&feature=related

Mais detalhes da vida e da obra de Jacob podem ser encontrados no site: http://www.jacobdobandolim.com.br/jacob/index.htmlHave fun and be in peace!

Músicas que Elevam o Espírito - 04Jan2011

Pessoal, bom dia.
A nossa série de Músicas que Elevam trás hoje um Ás da música brasileira: Waldir Azevedo!

Carioca, do subúrbio, dono de uma imensa musicalidade e sensibilidade para atingir diretamente o gosto popular de sua época, Waldir compôs mais de 150 músicas, e gravou mais de 30 álbuns. Antes de se dedicar à música profissionalmente, Waldir era escriturário no setor de Engenharia da Light (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro). Reza a lenda que ele, quando estava em lua-de-mel recebeu um aviso de um amigo dizendo que tinha uma vaga aberta para cavaquinista no conjunrto regional do Dilermano Reis, com carteira assinada e tudo mais!! Com essa nova renda extra, Waldir iria dobrar o seu sálario. Então, em plena lua-de-mel, ele virou-se para a mulher e disse: -"Mulher, vamos voltar para o Rio. Preciso fazer um teste para cavaquinho." A esposa dele respondeu: "Meu filho, lua-de-mel, é uma vez só na vida. Vai você, porque eu vou ficar aqui." E foi o que aconteceu, ele passou no teste e ficou tocando com o fabuloso Dilermando Reis, até que ele assumiu o conjunto quando o Dilermando saiu.

Waldir Azevedo
Eu não gosto de repetir música, mas hoje trazemos novamente Brasileirinho. Deixo aqui um fragmento de história retirado do site do Waldir (www.waldirazevedo.com.br):

"Foi em um encontro familiar que Waldir Azevedo, numa inspiração inexplicável, pode dar início ao primeiro fragmento melódico de seu grande sucesso "Brasileirinho", ao atender o insistente pedido de um primo de sua esposa Olinda, na época um menino de nove anos, que tocasse em seu cavaquinho de plástico, que contava com apenas uma corda. O improviso agradou tanto o menino que teve de ser repetido várias vezes a ponto de Waldir decorá-lo. À noite, na rádio (Rádio Clube do Rio), Waldir contou o feito a seus companheiros, tocando-lhes o referido fragmento melódico, imediatamente harmonizado por seu violonista Jorge Santos.
Essa música foi apresentada num programa ao vivo na rádio, quando Waldir improvisou a segunda parte para completá-la, já que tinha de apresentar algo novo naquela noite e, para sua surpresa, arrancou aplausos entusiásticos da platéia presente."

Meus amigos, com vocês o grande Waldir: http://www.youtube.com/watch?v=Si5y0QGSjTY&feature=related


Have fun and be in peace!!